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quarta-feira, 23 de maio de 2007

TV digital for dummies - conteúdo ilimitado?

16/04/2007

Isso é possível porque digitalmente podemos comprimir dados e empacotá-los de maneira inteligente.

O vídeo que assistimos, seja na TV, no cinema ou no computador (digital ou não) é, na verdade, uma seqüência de imagens que passa rapidamente fazendo nosso cérebro entender como movimento.

sequencia

No sistema analógico, estas imagens todas precisam ser enviadas por completo, sem nenhuma inteligência. No sistema digital, é possível econimizar espaço usando diversas técnicas de compressão. Só para exemplificar como isso é possível, mostro abaixo duas formas utilizadas que podem ser entendidas visualmente.

A primeira é a compensação temporal de movimento. Ou seja, enviar somente a parte da imagem que mudou na tela. As imagens abaixo explicam melhor que qualquer texto. Veja o salto na neve, grande parte da tela permanece inalterada. É muito mais inteligente enviar apenas a parte do esquiador passou. Na outra imagem um exemplo prático mostrando somente o que mudou na cena.


temporal




temporal




A segunda é o chamado blocking, ou seja, dividir a imagem em blocos e repetir blocos que sejam idênticos (ou muito parecidos). Na imagem do céu, imagine quantos quadrados são parecidos e poderiam ser repetidos.

Usando estas e outras técnicas, é possível economizar espaço e passar mais informação pelo mesmo meio físico. Significa que uma emissora poderia enviar um sinal de TV de alta definição. Também poderia enviar dados. Poderia na verdade enviar vários canais de TV. Também poderia enviar vários tipos de legenda e áudio (em línguas diferentes) assim como acontece em DVDs de filmes.

Mas ser viável tecnicamente é uma história, na prática as coisas são mais complicadas.

A primeira complicação é a legal. A concessão das emissoras no Brasil é por um canal de
TV ou uma faixa de 6 MHz? Em outras palavras, a concessão atual permite que uma emissora transmita mais de um canal na mesma faixa? Não está claro, afinal, a lei é de uma época onde ninguém imaginaria a evolução tecnológica que temos hoje. E existem várias outras dúvidas em relação as leis. Regras, direitos e deveres que ainda não foram definidos.

A segunda complicação é sobre a questão mercadológica. Quem paga a conta? Hoje é a publicidade. Será possível manter mais canais? Não é uma resposta simples.

E fazer sob demanda? Não rola, estamos falando de transmissão da TV aberta. Não existe como enviar um canal para cada consumidor. A TV aberta digital é broadcast. Existe uma diferença muito grande entre unicast e broadcast. O unicast é a transmissão feita para um único usuário; o broadcast consiste em uma única transmissão para milhões de usuários.

Por estas e outras, a impressão de conteúdo ilimitado da TV digital não passa disso, uma impressão. O conteúdo ilimitado será viável através de outras tecnologias, como IPTV. Mas isso é outra história.


Ricardo Cavalini é autor do livro "O marketing depois de amanhã" e editor do blog Coxa Creme

Informação retirada da ESPM DIGITAL